Romance, de Leo Tavares e Pra você (o mistério enunciado pela palavra/texto perdido na ponta da língua), de Carlos Lin
No dia 18 de outubro, das 17 às 21h, a Referência Galeria de Arte inaugura duas mostras que têm a palavra e a multiplicidade de suportes como eixos de suas pesquisas poéticas. Na Sala Principal, Leo Tavares apresenta Romance, em que se aprofunda na polissemia da palavra para explorar o discurso amoroso e o luto das relações. A curadoria é de Marco Antônio Vieira. Na Sala Acervo, Carlos Lin traz para a galeria a mostra Pra você (o mistério enunciado pela palavra/texto perdido na ponta da língua), com curadoria de Renata Azambuja. Nela, o artista aborda os meandros da enunciação. As mostras ficam em cartaz até o dia 16 de novembro, com visitação de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. A Referência fica na 202 Norte Bloco B Loja 11, Subsolo, Asa Norte, Brasília DF. Telefone (61) 3963-3501 e Wpp (55 61) 98162-3111. No Instagram @referenciagaleria.
Romance
De | Leo Tavares
Curadoria | Marco Antônio Vieira
Sala Principal
“Romance” é a primeira individual de Leo Tavares, artista visual e escritor que pensa a palavra como imagem e a imagem como escritura. E é a partir da polissemia da palavra que dá nome a esta exposição que surge um conjunto de trabalhos em papel, madeira, metal, tecidos e alfinetes que podem ser um ou vários, que podem ser uma instalação ou fragmentos de um pensamento estético construído de forma constelar, sem hierarquias, mas ao mesmo tempo interdependentes e autônomos.
A ‘cena de uma escritura’, nos limites de Romance, aglutina em si visualidade e textualidade, sem que se as segreguem de modo separatista e hierarquizado e impacta sobre aquilo que este texto busca capturar.
Marco Antônio Vieira, curador
“O processo de criação desta exposição se deu guiado pelo pensamento de um corpo de trabalho, isto é, a exposição pensada como obra”, diz o artista. E continua: “Cada trabalho, nesse sentido, reverbera como fragmento dentro de um corpo maior, daí o sentido de constelação em lugar de uma estrutura linear. O constelar é o aspecto fundamental da escritura não-hierárquica entre a palavra e a imagem, e promove muito mais evocações a partir de fios narrativos do que busca impor uma ordenação de leitura.”
“Nesta exposição, a um só tempo se reconhecem as sobrevivências fantasmais de uma história das relações e tensões entre palavra e imagem, incansavelmente problematizadas ao longo da história”, afirma o curador. “É um verdadeiro ‘trabalho’ das imagens e, no caso específico da poética de Leo Tavares, o ‘trabalho dos trabalhos’“. Com seus objetos que são quase oratórios, quase relicários, o artista leva para a poesia visual a textualidade e a visualidade. As micronarrativas nos fazem repensar o significado de ler texto e ler imagem”, diz Marco Antônio Vieira.
“Para além da raiz romance, distintiva das línguas oriundas do latim, o espírito do romantismo aqui se pretende evocado o tempo todo; é igualmente cara para mim uma abordagem mais coloquial do romance como affair amoroso. Nesse aspecto, os trabalhos falam de um ansiar pelo romance, pela vivência amorosa, com suas turbulências e efusões constantes”, ressalta o artista. É uma abordagem da convulsão, do frêmito, da intensidade das paixões, mas também da melancolia do arrefecimento delas, e, sobretudo, do luto das relações, do desapego dos corpos”, conclui o artista.
Sobre o artista
Leo Tavares nasceu em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, vive e trabalha no Distrito Federal. É Doutor em Artes Visuais pela Universidade de Brasília. Pesquisa a relação entre a palavra e a imagem. Participou de mostras coletivas no Brasil, em Portugal e na Espanha, e realizou as exposições individuais Não só com as imagens (Aliança Francesa, Brasília, 2018), Jogo de Evocação (Espaço Sala de Estar, Cidade do Porto, 2017) e Narrativas Fronteiriças (Galeria de Bolso da Casa da Cultura da América Latina, Brasília, 2016). É autor dos livros de contos O Congresso da Melancolia (Urutau, 2021), Ruibarbo do deserto (Patuá, 2019) e Os Doentes em Torno da Caixa de Mesmer (Modelo de Nuvem, 2014), prêmio Contista Estreante, pela FestiPoa Literária, de Porto Alegre. Está se preparando para lançar seu primeiro romance.
Sobre o curador
Marco Antônio Vieira é Doutor em Arte, na linha de Teoria e História da Arte, pelo PPG em Artes Visuais, do Instituto de Artes da UnB. Atua como curador independente desde 2007, tendo assinado curadorias de mostras individuais e coletivas com obras de artistas como Rubem Valentim, Athos Bulcão e Vik Muniz. Trabalhou junto a instituições como a Casa Fiat de Cultura (BH) e o Paço das Artes, em São Paulo. Desde 2019, desenvolve projetos curatoriais para espaços independentes no Centro-Oeste, em que investiga, junto aos artistas com quem trabalha, a noção de 'exposição como obra' e a espacialização significante que encerra o evento expositivo como montagem alegórica. É autor de textos críticos, curatoriais e acadêmicos, publicados no Brasil e no exterior. Desde agosto de 2022, é professor colaborador do Programa de Licenciatura em Artes Visuais, na área de teoria e história das artes visuais e processos poéticos no ensino de artes visuais, do Departamento de Artes, da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), Paraná.
Pra você (o mistério enunciado pela palavra/texto perdido na ponta da língua)
De | Carlos Lin
Curadoria | Renata Azambuja
Sala Acervo
Artista visual, curador, pesquisador e historiador da arte, Carlos Lin apresenta uma exposição que trata de sua produção ao longo dos últimos anos. Em Pra você (o mistério enunciado pela palavra/texto perdido na ponta da língua), Lin investiga sua própria pesquisa recentes em múltiplas linguagens das artes visuais, como a fotografia, o desenho, a vídeo arte, o texto, a cestaria, os objetos e a instalação. “São obras produzidas a partir da organização de séries dedicadas a pessoas importantes para mim”, diz o artista. A mostra apresenta um apanhado geral das séries a partir do recorte e da seleção propostos pela curadoria, sob a curadoria de Renata Azambuja.
A mostra se articula a partir de uma ideia de excesso relacionada ao gabinete de curiosidades e à prolífica produção do artista, que se volta para os seus interesses pela linguagem, a busca pelo entendimento dos “meandros da enunciação”, como ele afirmou em entrevista recente à curadora. “Sempre me interessei por arte e história, entre outras coisas. Isso vem do meu interesse pela linguagem, por tentar entender os meandros da enunciação, tanto pela via da palavra (escrita ou falada) quanto pelo texto (verbal ou imagético) quanto pela imagem (seja qual for)”, ressalta Carlos Lin.
“Sou, antes de tudo, artista. Inscrevi-me nesse modo de ser logo cedo, fazendo garatujas e me especializando nisso. Logo em seguida, desenvolvi desenhos sobre diversas superfícies, como papel, vidro, madeira ou produzindo sulcos na areia fina que cobria o quintal da casa dos meus pais ou na rua em frente à casa, que ligava aquela casa ao mundo, de maneira direta. Eu gostava mais de caminhar pelo mato do que pela rua. O mato apresentava-me deslumbramentos diferentes e eu gosto ainda hoje disso”, afirma Lin. Hoje, o artista mora na zona rural de Brasília. Passeia no meio do mato com seus cachorros e, durante essas caminhadas, faz fotografias de coisas variadas, entre elas, de flores.
Renata Azambuja reforça a percepção do caráter interior da produção do artista ao afirmar que em muitas das conversas que tiveram para a construção da exposição ele se autodenomina um sujeito do interior, um caipira. “É uma percepção que se dá pela sua procedência, Barretos (SP), que se confirma ao vermos uma produção que surge a partir do início dos anos 1980, com um olhar atento ao meio ambiente, aprofundando-se em várias de suas facetas.
O “mato” é um destino almejado e alcançado. E esse ambiente, tanto naquele em que foi criado como no que nele se interiorizou, está presente em sua obra. “O meio me fornece os elementos para a construção de minha obra, em termos de materialidade e de imagem. Ao mesmo tempo que comecei a usar o grafite, o lápis para desenhar figuras, também usava carvão, e usava a argila para modelar. Nas colagens, era comum usar fibras naturais para produzir papel artesanal seguido de múltiplos usos. Na fotografia, com frequência o elemento fotografado são flores do ao redor. Nos últimos anos, pesquiso o uso da fibra pura de palmeira e do barro de açude seco, minha pesquisa mais recente. Mas, o uso de materiais naturais acontece em paralelo à construção de obras com outras linguagens e tecnologias, como a fotografia e a vídeo arte”, completa o artista.
Sobre o artista
Carlos Lin vive e trabalha em Brasília. Nasceu e cresceu no interior rural de Barretos (SP). É artista visual, professor de artes, curador independente, pesquisador, teórico e crítico do circuito das artes em Brasília. Lecionou na UnB e na FADM. Coordenou o Programa Educativo do CCBB. Organiza o “Deriva” (Grupo de Estudos em Arte Contemporânea). Participa regularmente de exposições individuais e coletivas. Atua na interface entre arte, educação, filosofia e psicanálise. Sua produção se iniciou nos anos de 1980 e aborda questões sobre o tempo e a efemeridade, além de focar na qualidade intrínseca dos materiais empregados nas obras, sejam naturais ou culturais, com usos diretos ou mediados pela tecnologia.
Sobre a curadora
Renata Azambuja é historiadora da arte, curadora e arte-educadora. Licenciada em Artes Plásticas pela UnB, Mestre em Teoria e História da Arte Moderna e Contemporânea pelo City College/City University of New York e doutora em Teoria e História da Arte pela UnB, realizando uma pesquisa em torno dos modos de produção de conhecimento da curadoria, tendo a residência como foco. É professora da SEEDF desenvolvendo, atualmente, ações sobre Educação Patrimonial nos Territórios Culturais.
Serviço:
Romance| De Leo Tavares
Curadoria | Marco Antônio Vieira
Sala Principal | Referência Galeria de Arte
Pra você (o mistério enunciado pela palavra/texto perdido na ponta da língua) | De Carlos Lin
Curadoria | Renata Azambuja
Sala Acervo | Referência Galeria de Arte
Abertura | 18/10, das 17h às 21h
Visitação | Até 16/11
De segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábado, das 10h às 15h
Entrada | Gratuita
Classificação indicativa | Livre para todos os públicos
Endereço | 202 Norte Bloco B Loja 11, Subsolo Asa Norte – Brasília-DF
Telefone | (+55 61) 3963-3501
Wpp | (+55 61) 98162-3111
E-mail | referenciagaleria@gmail.com
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