(de)morar, a mostra de gravuras da Referência Galeria de Arte traz o olhar do jovem curador Vinícius Brito sobre um vasto acervo que remonta a produção artística brasileira a partir da década de 1980
Com gravuras de Alfredo Volpi, Arcangelo Ianelli, Arthur Piza, Carlos Vergara, Eduardo Sued, Elyeser Szturm, Helena Lopes, Leda Catunda, Lêda Watson, Luiz Dolino, Manabu Mabe, Roberto Burle Marx, Rubem Valentim, Siron Franco e Tomie Ohtake, a Referência Galeria de Arte apresenta de 16 de setembro a 6 de novembro a mostra (de)morar. A exposição com curadoria de Vinícius Brito, apresenta as possibilidades que a gravura oferece para além da imagem.
O recorte proposto pelo curador promove um processo dissonante que tira do foco a figuração e aborda a gravura como suporte para o exercício da abstração. A mostra traz obras de Alfredo Volpi, Arcangelo Ianelli, Arthur Piza, Carlos Vergara, Eduardo Sued, Elyeser Szturm, Helena Lopes, Leda Catunda, Lêda Watson, Luiz Dolino, Manabu Mabe, Roberto Burle Marx, Rubem Valentim, Siron Franco e Tomie Ohtake que fazem parte do vasto acervo de gravuras que a Referência mantém em sua reserva técnica, localizada no piso inferior da galeria.
Esta é a primeira mostra curada por Vinícius Brito, jovem de 26 anos, graduado em Teoria, Crítica e História da Arte pela Universidade de Brasília – UnB, um celeiro de artistas visuais e curadores. Sem se intimidar pela imponência dos nomes nem pelo tamanho do acervo, que conta com 134 gravuras diferentes de 41 artistas, o curador mergulhou em uma jornada em busca de um fio condutor que justificasse “mais uma mostra de gravura de acervo”. O convite para o trabalho partiu da galerista Onice Moraes, que tem entre os seus projetos dar visibilidade a jovens artistas, curadores e outros profissionais da cadeia produtiva das artes visuais.
“Durante a pesquisa de acervo da galeria para organização da exposição, antes mesmo de escolhê-las pelo nome do artista, eu me demorava nas obras, colocando-me sob-risco, sendo atravessado por essas linguagens (daí o nome da exposição). Fui sendo levado por essa narrativa, um fio condutor, não uma mensagem, posto que todos os artistas da mostra se afastam da figuração, apesar de muitos deles possuírem trabalho no que podemos denominar como representação”, diz o Vinícius.
O recorte do acervo promove um processo dissonante que esfacela a figuração a partir das obras de artistas brasileiros. Composições artísticas que, apesar de muitas vezes produzidas em épocas e países diferentes, são permeadas de experimentações, sendo a abstração o elemento que talvez mais aponte para uma convergência em suas teorias e diretrizes, além do suporte gravura.
A mostra foi construída a partir de um olhar sobre a trajetória da gravura contemporânea Brasileira que retoma seu curso a partir de instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio, inaugurado em 1950. Ainda recém-inaugurado, o museu foi palco de mostras de arte como a abstrato-geométrica. Desde então, a vertente abstrata, como a concreta e a neoconcreta. “São temas centrais nos estudos artísticos mundiais, sobretudo no cenário brasileiros, ocupando seu devido espaço também através de cursos, palestras, exposições, dentro e fora das universidades brasileiras”, ressalta o curador.
A mostra pode ser vista de segunda a sexta, das 10h às 19h, e no sábado, das 10h às 15h. Durante o período em que estiver em cartaz, o curador realizará visitas mediadas e conversas sobre os temas que cercam a produção de gravuras no Brasil. Os encontros acontecem aos sábados das 11h às 13h. Em setembro, as visitas e conversas acontecem no dia 18. No mês de outubro, será nos dias 2, 16 e 30. E em novembro, acontece no dia 6, último dia da mostra. “A temática é livre e a proposta é que os visitantes se deparem com as obras e, a partir desse encontro, estabelecermos uma conversa sobre a gravura”, completa o curador.
Durante o período da pandemia, as visitas mediadas devem ser agendas pelo telefone (55 61) 3963-3501 ou pelo Wpp (55 61) 98162-3111. A Galeria recebe até 10 pessoas por vez.